A transição do século XX para o século XXI trouxe um conjunto de mudanças que está na base dos modos como as nossas sociedades se estruturam face aos desafios da pós-contemporaneidade. A importância fundacional que as novas tecnologias – muitas vezes designadas como “Novas Tecnologias da Comunicação e da Informação” (TIC’s) – tem vindo a assumir nas últimas quatro décadas são uma das expressões mais evidentes dessas mudanças, e tal ficou bastante claro com a pandemia de covid-19, em que o confinamento forçado, ao obrigar ao uso massivo da internet e de diferentes (e novas) plataformas digitais – como a Zoom –, entre outros gadgets, em larga escala, tornou o ensino à distância e o teletrabalho em modalidades cada vez mais próximas e familiares de indivíduos, grupos, organizações e instituições, para os quais as tecnologias despertavam medos infundados, e acabaram por converter singelos quotidianos off- em realidades online, transformando assim todo o espectro da vida social.
Mas as mudanças numa sociedade digital em ritmo acelerado não se confinam ou reduzem à TIC’s. Os conflitos pós-11 de setembro, as reivindicações de diversos grupos sociais por direitos (e.g., mulheres, pessoas negras, pessoas LGBTQ, pessoas refugiadas), a crise climática, um mercado de trabalho cada vez mais qualificado e altamente competitivo – com toda a desigualdade e precariedade social e económica que também assolam muitos setores da sociedade –, são outros dos desafios que se colocam aos cidadãos e cidadãs do futuro num mundo inerentemente plural e global, tornando crucial a necessidade de se adquirir ferramentas válidas para agir e ter sucesso no novo milénio em diferentes contextos – familiar, profissional, cultural, etc. –, em processos constantes de aprendizagem ao longo da vida, reciclando e atualizando os referenciais de cada um/a.
Isto é particularmente relevante para o campo da educação, seja formal ou informal, que se depara invariavelmente com o desafio de fazer desenvolver conhecimentos, habilidades e competências para preparar os/as estudantes para um mundo da vida cada vez mais exigente e para determinados trabalhos e funções específicas e inovadoras, incluindo trabalhos do futuro (e.g., nómadas digitais, freelancers, designer instrucionais) – ou que nem sequer existem –, daí que hoje se fale em “competências do século XXI”, i.e., habilidades e disposições de aprendizagem que foram identificadas como sendo necessárias para o sucesso na sociedade do século 21 por educadores/as, líderes empresariais, académicos, agências governamentais e outras organizações públicas e privadas, e para os quais os perfis de empregabilidade serão invariavelmente um fator decisivo de contratação.
O próprio “discurso das competências”, sobretudo no panorama educacional atual, é fruto dessas transições ao ilustrar a passagem de um paradigma educativo centrado na concentração acumulativa de conhecimento para um paradigma que foca, cada vez mais, os indivíduos e as especificidades dos seus percursos educativos. Se antes o conhecimento escolástico estava molificado numa estrutura curricular cristalizada e monótona, num domínio ou área especifica do saber (i.e., monodisciplinar), e era transmitido unidireccionalmente, numa lógica meramente bancária, assume-se que o conhecimento do século XXI passe a estar agora desenraizado, centrado no sujeito aprendente – o único decisor legítimo do seu próprio processo de aprendizagem –, e a ser acionado numa abordagem não apenas transmissiva, mas principalmente ativa e coparticipativa, numa relação com resultados concretos e práticos que transcendam uma noção monolítica de aglomeração por aglomeração. A “sociedade do conhecimento”, como lhe cunhara Manuel Castles, requer agora um novo conjunto de habilidades para lidar com uma economia baseada no conhecimento e nos serviços (o 3º sector) paredes-meias com mudanças mundiais incertas:
Se as competências do século XX eram os 3 R’s tradicionais (LeR, EscRever e ARitmética), as do século XXI tem que fazer face aos desafios atuais, diferindo estas das habilidades académicas tradicionais, porque não se baseiam principalmente no conhecimento do conteúdo (“saber-saber”), mas sim no “saber fazer”. Desde as primeiras referências às competências do século 21, muito foi publicado na literatura na tentativa de identificá-las com precisão. Investigadores/as de diferentes áreas (Ciências da Educação, Psicologia, Sociologia, Recursos Humanos, Marketing) consideraram a sua caracterização de muitas perspetivas e várias definições e classificações foram propostas ao longo dos anos, inclusive, com muitas organizações a envolverem-se no desenvolvimento de frameworks mais estruturados, mas o facto é que não existe uma definição partilhada, inequívoca e consensual. Contudo, é preciso sistematizar algumas ideias de modo a evitar uma situação relativista de “Torre de Babel” em que vale tudo. Uma análise sistematizada por vários estudos permite-nos identificar 14 competências essenciais:
Colaboração/trabalho de equipa – a habilidade dos indivíduos em integrarem e interagirem como membros de um coletivo mais amplo, com um ou mais objetivos comuns, e coordenarem-se entre si de modo a realizar colaborativamente tarefas conjuntas e assumirem responsabilidade sobre essas mesmas tarefas;
Comunicação – a habilidade de articular claramente e efetivamente pensamentos e ideias através da fala e escrita (ou quiçá, outras modalidades, e.g., gestual ou semiótica);
Literacia digital – Também chamada literacia para as TIC’s ou, mais recentemente, “e-competência”, refere-se à habilidade para usar computadores e outros dispositivos digitais para propósitos pessoais e profissionais;
Competências psicossociais, (inter)culturais, cívicas e políticas – a habilidade de compreender diferentes contextos sociais, culturais e políticos e o seu passado histórico, interagir e conviver empaticamente com outros, em suma: agir conscientemente como cidadãos e cidadãs num mundo global, diverso e plural;
Criatividade – a habilidade para gerar ideias úteis, originais e valiosas em diferentes contextos;
Pensamento crítico – a habilidade para desenvolver e dirigir pensamentos críticos, que questionem o modus operandis das organizações. É o chamado “pensar fora da caixa”;
Resolução de problemas – a habilidade de desenvolver uma sequência de ações de modo a alcançar um ou mais objetivos concertados;
Produtividade – a capacidade para definir e atender a altos padrões e metas para entregar um trabalho de qualidade no prazo, demonstrando, simultaneamente, diligência, ética e um resultado positivo e de excelência;
Aprender a aprender – conjunto de meta-competências para possibilitar os indivíduos, e em particular os aprendentes ao longo da vida, a construírem e moldarem com sucesso o seu próprio processo e percurso de aprendizagem;
Autogestão/regulação/direção – a capacidade de definir metas e planejar para a realização de objetivos claros, ao mesmo tempo que se predispõe ao exercício de controle sobre si mesmo;
Planeamento – a capacidade de analisar uma dada situação e criar/projetar uma simulação mental de ações futuras para a sua execução;
Tomada de riscos – a habilidade de tomar decisões sob condições de incerteza, muitas vezes contrabalançando perdas com ganhos;
Resolução e mediação de conflitos – a capacidade de identificar e gerenciar diferentes tipos de conflitos com diferentes atores e em diferentes situações;
Sentido de iniciativa e empreendedorismo – um processo pelo qual indivíduos - por conta própria ou dentro das organizações – buscam oportunidades sem levar em conta os recursos que eles atualmente controlam.
Importa realçar que este conjunto de skills não é definitivo e tampouco se fecha em si mesmo, nutrindo relações entre si com um certo grau de dinamismo e reciprocidade. Ao mesmo tempo, apresentam-se de modo transdisciplinar e transversal – ou seja, qualquer profissional de qualquer área (do/a médico/a ao/às técnicos/as de formação), necessita de as possuir e acionar – sendo facilmente transpostas para cada espaço ou contexto.
Pelo seu papel histórico, a educação é o setor social segundo o qual o conhecimento atualizado sobre o tipo de competências que é transmitido aos sujeitos sociais, se torna mais premente. Tal não é novidade para diferentes tipos de estabelecimentos de ensino e respetivos currículos, mas não é menos verdade que muitas vozes sociais tenham destacado como as instituições de educação formal (i.e., a escola e as faculdades) falham no seu papel de preparar taxativamente os/as alunos/as para um mercado de trabalho altamente competitivo, sobretudo quando optam por enveredar por uma enfâse excessiva no conhecimento escolástico, por natureza teórico, em detrimento da aquisição de habilidades mais práticas relacionados com o “saber-fazer”. Alguns estudos no âmbito das Ciências da Educação, centrados na pedagogia do Ensino Superior, têm verificado que estas instituições seculares, grosso modo, têm privilegiado direta- ou indiretamente a aquisição de conhecimentos teoréticos em vez dos dinamismos próprios da aplicabilidade prática, mesmo que, por vezes, apresentem posturas de desconstrução tácita face ao binarismo inerente entre teoria e prática. É neste sentido que as instituições formativas, por sinal, mais comprometidas com a ação no mundo dito real, adquirem real importância, uma vez que se encontram vocacionadas sobretudo para o saber prático, e neste âmbito não podemos deixar de destacar o Instituto CRIAP.
Criado em 2007, com mais de 16 áreas certificadas pela DGERT, mais de 35 formações creditadas pela OPP e mais de 100 reconhecimentos e parcerias, o Instituto CRIAP tem dado cartas há 14 anos, estando indiscutivelmente hoje, na vanguarda do melhor que acontece ao nivel da formação em Portugal. Com mais de 250 formações disponiveis em diferentes modalidades – presencial, E-learning, Live streaming e Video Learning –, distingue-se pelo caráter inerentemente inovador ao nível das metodologias empregues, qualidade e vigor tecnológico, sendo pioneiro na conversão integral de Cursos, Especializações e Workshops, para o formato de ensino a distância (EaD), sem esquecer os webinars. Na verdade, o EaD é hoje uma das grandes apostas do Instituto, com uma grande parte das suas ações a ocorrerem inteiramente na modalidade de EaD, com a mesmíssima qualidade do ensino presencial. Das vantagens mais evidentes desta modalidade estão a possibilidade de assistir a formação num contexto mais cómodo, escolhido pelo/a formando/a (e.g., casa), em qualquer parte do país e do mundo, sem perder a interação com a turma e formador em tempo real, incluindo a possibilidade de assistir às gravações e realizar testes online.
Ao encontrar-se profundamente comprometido com o conhecimento tecnológico de ponta, o CRIAP alinha-se com a missão de promover as competências do século XXI, sendo muitas das suas formações conceptualizadas, criadas e operacionalizadas tendo como quadro de referência esse mesmo conjunto de competências, e com um enfoque particular nas habilidades comunicacionais, sociais e de literacia digital. Isto é particularmente relevante em formações voltadas para os públicos educacionais que tem os/as educadores/as, professores/as, técnicos/as, coordenadores/as e gestores/as de formação como alvo, e para os quais estarem alinhados/as com a disposição intelectual do século XXI representa literalmente uma escolha decisiva entre o sucesso e o insucesso. Nesse sentido, não podemos deixar de indicar a esse público as vantagens de enveredar por formações que permitam explorar as “e-competências” que se adivinham como estritamente necessárias quando o EaD já não é “o futuro”, longínquo e inalcançável, mas sim “o momento presente” em todo o seu esplendor. O papel do CRIAP tem sido pois tornar esses futuros cada vez mais possíveis, fazendo-os presentes nos presentes de todos/as nós.
O Instituto CRIAP conta com o Curso de Especialização E-Formador e E-Professor onde pode aprofundar as suas competências práticas ao nível do planeamento de cursos e ou unidades de formação à distância; desenvolver e/ou adaptar conteúdos educativos com recursos a ferramentas de autor em algumas das principais plataformas de ensino à distância ou desenhar e implementar atividades para diferentes modelos de formação e design pedagógicos;
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