Isolamento Social na População Idosa

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Isolamento Social na População Idosa

Com duas vezes mais idosos do que crianças e jovens, Portugal é o país a envelhecer mais rapidamente da União Europeia.

Gerontologia Social

 

A Gerontologia Social é uma disciplina que se concentra no envelhecimento da população e nas questões sociais que afetam os idosos. Procura, portanto, entender e melhorar a qualidade de vida dos idosos, bem como enfrentar os desafios e questões que podem surgir durante o processo de envelhecimento. Sendo esta uma área multidisciplinar, envolve profissionais de diversas áreas, como serviço social, psicologia, enfermagem, sociologia e saúde pública. O seu objetivo é garantir que o envelhecimento seja um processo digno e cuidado, respeitando todos os direitos e necessidades da população idosa na sociedade. Estes profissionais procuram promover uma melhor compreensão das necessidades dos idosos e contribuir para o desenvolvimento de políticas e práticas que apoiem uma população envelhecida de forma saudável e inclusiva.

 

Uma das áreas de interesse na Gerontologia Social é a abordagem das questões sociais que podem levar ao isolamento e solidão na população idosa e desenvolvimento de estratégias que promovam a inclusão social e a participação na comunidade.

 

 

Envelhecimento Populacional

 

Atualmente cerca de 23% da população total tem 65 ou mais anos. De acordo com os dados da PORDATA, referente ao Índice de Envelhecimento, nos últimos 30 anos o rácio passou de 77 idosos por cada 100 jovens, para 182 por cada 100. No entanto, o principal problema reside na previsão de aumento destes valores, uma vez que a densidade populacional aumenta a um ritmo alucinante. Segundo o Instituto Nacional de Estatística este é um valor que praticamente duplicará em 2080, atingindo assim um rácio de 300 idosos por cada 100 jovens.

 

 

Isolamento Social

 

Isolamento Social, consiste, por definição, na ausência de contacto social ou familiar, na ausência de envolvimento na comunidade ou com o mundo exterior e na ausência ou dificuldade no acesso a serviços.

 

Só em 2022, através da Operação “Censos Sénior”, a Guarda Nacional Republicana sinalizou 44511 idosos que vivem sozinhos e/ou isolados, ou em situações de vulnerabilidade, derivado da sua condição física, psicológica ou outra que possa colocar em causa a sua segurança.

 

Estudos realizados pelo Observatório da Solidão, um projeto de investigação que procura abordar o fenómeno da solidão enquanto problemática social, psicológica e antropológica, indicam que cerca de 70% das pessoas com mais de 65 anos, são afetados pela solidão.

 

Infelizmente, os casos de isolamento social são uma realidade cada vez mais presente em Portugal, não só devido ao aumento da população idosa como também pelas múltiplas causas e fatores que podem estar na origem do isolamento social destes indivíduos e consequentemente na experiência de solidão. Nomeadamente, alguns dos fatores de risco que contribuem para estas situações são:

 

  • Reforma ou término da função laboral;
  • Viuvez e/ou perda de um familiar;
  • Instabilidade e/ou insuficiência financeira;
  • Abandono familiar;
  • Doença mental;
  • Mobilidade Reduzida;
  • Dependência de substâncias;
  • Ser cuidador informal;
  • Institucionalização;
  • Local de residência.

 

Experienciar isolamento e solidão envolve muitas das vezes consequências graves nos indivíduos afetados, sendo que algumas delas podem inclusive não ser solucionáveis. Algumas das consequências associadas ao isolamento social afetam:

 

  • Saúde Mental: A solidão está associada a problemas de saúde mental, como depressão, ansiedade e aumento do risco de demência.
  • Saúde Física: Estudos sugerem que a solidão pode ter impactos negativos na saúde destes indivíduos, nomeadamente, a perda de funções cognitivas e perda de mobilidade.
  • Qualidade de Vida: A solidão pode criar uma perceção sombria e pessimista em relação à vida causando insatisfação e falta de propósito.
  • Mortalidade: A solidão, e todas as repercussões que dela advêm, tem sido associada a um maior risco de mortalidade em idosos.

 

 

Combate ao Isolamento e Solidão

 

Tendo em conta o cenário atual e a previsão do seu agravamento, são diversas as instituições que desenvolvem projetos que visam combater a solidão e o isolamento na população idosa. Estas iniciativas têm um papel fundamental no combate às consequências sociais e mentais graves que advêm destas situações, que na sua maioria podem ser irreversíveis.

 

Alguns dos Projetos que combatem a solidão nos idosos são:

 

Projeto Pedalar sem Idade – Este projeto tem como missão combater a solidão e o isolamento de seniores e pessoas com mobilidade reduzida. Trata-se de um movimento sem fins lucrativos, que organiza passeios gratuitos, em bicicletas adaptadas, conduzidas por voluntários treinados e formados (pilotos de trishaw), que se dedicam a apoiar os seniores e pessoas com mobilidade reduzida das suas comunidades.

 

Projeto Aconchego – Um projeto que visa promover o alojamento de estudantes do ensino superior, durante um ano letivo, em domicílios de idosos residentes na baixa da cidade do Porto. Pretende-se assim que o idoso disponibilize um quarto no seu domicílio para um estudante do ensino superior e ao mesmo tempo o estudante fornece a sua companhia, numa perspetiva de troca mútua sem carácter monetário. A iniciativa destina-se a qualquer pessoa com mais de 60 anos, residente no Porto, que viva só ou com o cônjuge, em situação de solidão e/ou isolamento social, e a estudantes, nacionais ou estrangeiros, que venham estudar para a cidade do Porto e não tenham recursos financeiros para arrendar um espaço.

 

Projeto Ativo em Casa – Este projeto tem como objetivo ser uma resposta especializada na promoção do envelhecimento ativo e positivo, com recurso a um acompanhamento psicológico que aumente a satisfação com a vida e, à prática de atividades proactivas que estimulem competências cognitivas, motoras e sociais dos clientes.

 

Projeto Aldeias Humanitar – É um projeto de intervenção humanitária projeto que visa mobilizar a população no combate ao isolamento. Para além das respostas presenciais, existe também uma linha telefónica disponível 24h/dia que apoia e dá resposta às necessidades imediatas. Atualmente e de forma gratuita, a instituição presta cuidados de saúde complementares em casa das pessoas idosas na zona do Douro Sul, tendo como objetivo alargar o seu modelo de intervenção a todo o interior de Portugal.

 

 

Para além das organizações e grupos de voluntários que criam redes de apoio e de consciencialização sobre esta questão, é também importante que sejam criadas e aplicadas políticas governamentais e implementadas estratégias que abordem o isolamento nos idosos. É fundamental reconhecer o isolamento social entre os idosos como um desafio social e de saúde pública e procurar formas de promover a interação social, o envolvimento comunitário e o acesso a serviços de apoio para garantir que os idosos em Portugal possam envelhecer com dignidade e qualidade de vida.

 

 

 

 

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