voltar atrás
Gestão de Equipas em Serviços de Saúde
Cada vez mais queremos serviços de qualidade e para que tal se estenda a todas as áreas, mas especialmente à área da saúde, onde cuidamos, diagnosticamos, tratamos, orientamos e aconselhamos clientes e respetiva família, é necessário alargarmos os nossos conhecimentos a nível do trabalho em equipa.
É-nos exigido trabalhar em equipa, que é muito mais do que saber o que cada um e cada uma faz. O que está na base deste trabalho, para além dos saberes técnicos já aprendidos e a desenvolver-se, é a comunicação que, por sua vez, depende das relações interpessoais, das emoções, dos sentimentos e da Inteligência emocional. Falarmos em gestão de equipas em saúde, para além do que já foi referido sobre o que é necessário para trabalhar em equipa, há que acrescentar a liderança e a gestão, sem menorizar o papel importante da motivação, que estará implícita em toda a formação.
A gestão de equipas pode ser definida como um conjunto de práticas adotadas no sentido de melhorar o desempenho dos colaboradores. Consiste, assim, num conjunto de estratégias que têm como principal objetivo capacitar os profissionais para o alinhamento com os objetivos, metas e missão da organização, aumentando a produtividade de cada trabalhador e melhorando o clima organizacional (Chiavenato, 2005).
“Somos uma equipa.”, “Trabalhamos em equipa.” são frases comuns entre trabalhadores de serviços. No entanto, em particular nos serviços que prestam cuidados de saúde, existe um especial desafio na gestão de equipas, uma vez que se trata de uma área em que diversos profissionais, com múltiplas áreas de formação, trabalham com papéis distintos, responsabilidades e exigências distintas. Esta situação poderá ser encarada pelas equipas de forma positiva e enriquecedora, no entanto, atendendo à complexidade dos serviços prestados na coordenação das equipas e cooperação entre os profissionais, torna-se um desafio diário. Para colmatar este desafio, é necessário desenvolver competências e capacidades em várias áreas, como se pode verificar de seguida.
Comunicação
“Comunicar não é simplesmente dizer o que se pretende transmitir. O modo como se dizem as coisas é crucial, e difere de uma pessoa para outra, pois a linguagem usada é um comportamento social aprendido: o que dizemos e ouvimos é profundamente influenciado pela experiência cultural de cada um.”
Tannen (1995:257)
A comunicação é influenciada não só pela educação, pela experiência cultural, mas também por tudo o que aprendemos, refletimos e associamos. Este conceito tem evoluído ao longo do tempo, hoje já não falamos apenas de comunicação eficiente, antes devemos prepararmo-nos para uma comunicação não violenta. Este conceito de comunicação (CNV) foi desenvolvido pelo psicólogo Marshall B. Rosenberg (2005), tendo por base a empatia.
A comunicação não violenta é aquela em que a linguagem usada não magoa e não ofende os outros ou a nós próprios. Pelo contrário, a comunicação violenta, segundo Rosenberg (2005), é a expressão negativa de necessidades não satisfeitas.
Mas para que a comunicação não violenta seja praticada é necessário conhecer os seus componentes, que de acordo com Rosenberg, são: observação, sentimentos, necessidade e pedido.
Para além de conhecer os componentes é necessário treinar e praticar, uma vez que estamos a mudar linhas de pensamento e organizações mentais de vários anos da nossa vida e da nossa cultura.
Não podemos deixar de abordar a importância da interculturalidade e as barreiras interculturais na comunicação em saúde, dado que, cada vez mais, vivemos num mundo globalizante e, se não tivermos em atenção a cultura de cada pessoa, podemos não conseguir perceber como levá-la a aceitar ou perceber o que é melhor para a sua saúde ou também podemos ser mais flexíveis a aceitar os seus padrões de saúde. Caso isto não aconteça, poderão dar-se situações de conflitos culturais nos contextos multiculturais de cuidados, os quais poderiam ser evitados.
Para colmatar esta dificuldade entre profissionais de saúde e clientes/utentes/pacientes está na base uma anamnese adaptada à cultura de cada um e uma, ou pelo menos, como refere Coffman (2004) e Hanssen (2004), à necessidade de uma colheita de dados culturalmente enquadrada às pessoas, prevenindo-se riscos resultantes de divergentes entendimentos de saúde e de doença.
As relações interpessoais e, em particular, a forma como nos relacionamos com os outros dependem da forma como comunicamos (Fachada, 2012). Assim, a interpretação que o outro tem sobre o que transmitimos e o significado que atribui interfere de forma ativa na capacidade de gestão de equipas. No que se refere a gestão de equipas, em especial em serviços de saúde, a comunicação torna-se especialmente relevante, podendo ser uma ferramenta útil na relação com os colegas de trabalho, assim como na relação terapêutica (Sequeira, 2016). Neste sentido, é importante que os profissionais que trabalham nesta área conheçam de forma aprofundada os estilos e técnicas de comunicação, bem como compreendam o conceito de relações interpessoais e os diversos fatores que as influenciam.
A inteligência emocional está interligada à comunicação, porém, se não desenvolvermos e percebermos o que é a inteligência emocional, não podemos desenvolver a nossa comunicação de uma forma eficiente e não violenta. As nossas emoções não treinadas podem levar a que mesmo que se não utiliza a comunicação de forma verbal utilizamo-la de forma não verbal; através de gestos da face, ou mesmo do corpo ou partes do corpo, como por exemplo, dos membros superiores.
A inteligência emocional é estudada por vários autores, sendo que, a maioria das vezes, querem dizer o mesmo ou complementam-se.
Daniel Golman, em 1998, foi um dos pioneiros a abordar a inteligência emocional. O conceito nessa altura surgiu como se fosse um novo paradigma, mas afinal não era mais do que uma visão diferente de ver a inteligência, não apenas uma avaliação de QI que algumas empresas percebiam – alguém com um QI muito elevado nem sempre era bom profissional na prática, uma vez que lhe faltava a competência emocional.
Assim, e de acordo com Goleman, 2000, a inteligência emocional não é mais do que a capacidade de reconhecer os nossos sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e gerirmos as nossas emoções, quer pessoais, quer a nível das relações.
As relações que permitem qualidade em saúde e o bem-estar dos indivíduos e das comunidades, estabelecem-se no domínio interpessoal. A comunicação afeta o comportamento humano, incluindo a saúde. Sendo a relação terapêutica em 90% uma relação de comunicação em saúde (Aydogdu, 2022).
Assim, a pratica de boas competências de comunicação influem numa relação significativa e confiável entre os seus intervenientes, em concreto os profissionais de saúde, doente e família. A comunicação em saúde deve primar pela assertividade, respeito, confiança, acessibilidade da linguagem e considerar as questões relativas à multiculturalidade em saúde.
O domínio das competências de comunicação dos profissionais de sau?de junto dos doentes, promove a relação terapêutica e a diminuição ou controlo dos níveis de stress e ansiedade. Permite também uma melhor compreensão dos ensinos realizados, com troca de informação e envolvimento das pessoas no seu processo de auto responsabilização pela saúde e pelas decisões tomadas, o que se traduz em melhoria da adesão ao regime terapêutico e em aumento dos níveis de literacia em saúde, gerando melhores resultados em saúde (Almeida, 2020).
Profissões que exigem interações constantes com outros indivíduos são geralmente desafiadoras. Os profissionais da área da saúde interagem com clientes/doentes e familiares que, muitas vezes, têm necessidades físicas e ou mentais e em estado de saúde crítico.
Especialmente durante períodos de crise, os profissionais de saúde devem ter sensibilidade e, ao mesmo tempo, estarem capacitados para equilibrar as suas emoções, o que favorece a prestação de cuidados qualificados e protege a saúde psicossocial dos profissionais de saúde (Aydogdu, 2022).
A aquisição de competências emocionais, por parte dos profissionais de saúde, permite facilitar a comunicação e a interação do profissional com os doentes/clientes, familiares e os demais membros da equipa multidisciplinar, o que e? de suma importância para o sucesso dos cuidados prestados.
Entende-se, assim, a importância e a necessidade de desenvolver formação e treino em relação à gestão das emoções dos profissionais de saúde o que se encontra em estreita relação com a inteligência emocional.
Fatores como a capacidade de Liderança e a Gestão de Conflitos influenciam diretamente a forma como as equipas são geridas e a sua eficácia. As formas de liderança influenciam diretamente o modo como os conflitos podem ser geridos e ultrapassados (Monteiro, 2021). Na área da saúde, a não existência de conflitos é uma utopia, podendo através das ferramentas certas ultrapassar-se essas situações, melhorar a organização e os indivíduos que nela trabalham.
A Especialização Avançada em Gestão de Equipas em Serviços de Saúde é uma referência na qualidade dos serviços prestados, que procura conciliar os saberes científicos com as necessidades e as mais altas exigências de quem trabalha ou virá a trabalhar na área da saúde. Como resultado das necessidades profissionais inerentes ao trabalho em equipa e aos desafios do quotidiano, cada vez mais marcantes devido à multiculturalidade, está amplamente reconhecido o papel que a gestão de equipas e recursos humanos desempenha como fonte de vantagem competitiva para as organizações/Instituições.
Durante curso em Gestão de Equipas em Serviços de Saúde, será possível explorar temas como a comunicação em saúde, a importância das relações interpessoais, liderança em saúde, inteligência emocional, emoções e sentimentos em saúde e gestão de conflitos em saúde. Estes conhecimentos e práticas relativos a diferentes temas sobre gestão construtiva de conflitos em contextos de saúde irão contribuir para um melhor e mais eficaz desempenho profissional e mesmo pessoal. Durante a formação, serão utilizados de forma recorrente casos práticos, assim como serão analisadas situações reais, para que seja possível ao formando recorrer aos conteúdos lecionados no seu quotidiano.
Pretende-se com a formação contribuir para o desenvolvimento de competências a nível pessoal, para melhorar as capacidades de comunicação e relação entre as pessoas, através de uma visão inovadora, que promova a eficiência e a qualidade dos serviços de saúde prestados.
Se pretende melhorar os seus conhecimentos quer teóricos, quer práticos, a nível da sua comunicação em geral e essencialmente comunicação em contextos de saúde, recorrendo à inteligência emocional, bem como reenquadrar todas as vertentes que estão implícitas nestas temáticas, inscreva-se na Especialização Avançada em Gestão de Equipas em Serviços de Saúde. Todo o seu desempenho vai mudar para melhor!
Procura Formação relacionada? Conheça o Curso Prático em Coaching e Liderança para a Gestão de Equipas
Siga-nos e descubra todas as nossas Novidades:
Instagram | Facebook | Linkedin | TikTok
Referências bibliográficas:
Aydogdu, A. 2022. Emotional competence in the nursing field. Revista cie?ncias sau?de. Nova Esperanc?a. Joa?o Pessoa. P-B. 20(2): 141-147. Disponível:http://revistanovaesperanca.com.br/index.php/revistane/article/view/738
Almeida, C. (2020). Literacia em sau?de e capacitac?a?o dos profissionais de sau?de: o modelo de comunicac?a?o em sau?de ACP. Associação Portuguesa de Documentação e Informação de Saúde.Disponível:https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/34417/1/CristinaVazAlmeida.pdf
Chiavenato, I. (2005). Gestão de Pessoas. Brasil- Editora Manole
Coffman, M. J. (2004). Cultural caring in nursing practice: a meta-synthesis of qualitative research. Journal of Cultural Diversity, 11 (3), 100-109.
Fachada. O. (2012). Psicologia das Relações Interpessoais. Lisboa: Edições Sílabo
Goleman, D. (2005). Trabalhar com inteligência Emocional. 3ª ed. Lisboa: Temas e Debates 2005. 389 p. ISBN 972?756?180?9
Goleman, D (2010). Inteligência Emocional. 14ª ed. Lisboa: Temas e Debates 2009. 363 p. ISBN 978?972?756?063?6
Hanssen, I. (2004). An Intercultural Nursing Perspective on Autonomy. Nursing Ethics, 11(1), 28-41.
Marshall, Rosenberg; Deepak , Chopra. (2015). Nonviolent Communication: A Language of Life: Life-Changing Tools for Healthy Relationships. Califórnia. PuddleDancer
Monteiro, A (coord.). (2021). Gestão de Conflitos na Saúde. Lisboa. Pactor
Sequeira, S. (Coord.) (2016). Comunicação Clínica e Relação de Ajuda. Lidel
Talking from 9 to 5: Women and Men at Work (1995). Estados Unidos da América. Avon