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Como vão os novos Líderes mudar o mundo
Precisamos de ajustar o conceito de liderança para os tempos que vivemos e ainda os que estão para vir. Nada será como antes! Isto é uma evidência.
A pandemia de certo modo veio revelar novas formas de trabalho e liderança e sobretudo no que respeita a organizações, a reequacionar o seu modelo de hierarquia. Hoje em dia sobretudo no teletrabalho assistimos a novas lideranças de quem não está no topo da pirâmide, pessoas que tiveram que assumir cargos de responsabilidade, onde o líder institucional não estava presente, por várias circunstâncias.
O mundo mudou, nada é previsível, e a Gestão de Pessoas terá de mudar também. Afinal, elas são o ativo mais valioso de qualquer organização. Sem o seu contributo não há conteúdo para elaborar relatórios e contas. Mais do que eficiência, precisamos de resiliência e adaptabilidade e isso implica confiança nas equipas, pois as pessoas bem motivadas e conduzidas vão acabar por se superar e surpreender.
Ana Tereza Maçarico, especialista na gestão do capital humano, no decorrer da conferência online “Trabalho, esse lugar estranho”, partilhou 5 pontos chaves:
Nos primeiros meses de pandemia as pessoas ficaram em stand by, achando que tudo iria voltar ao normal. Mas a partir do momento em que todos percebemos que esta situação não seria passageira, surgiu uma “avalanche” de necessidades e de procura por novas competências digitais, de comunicação em ambiente digital, de formação, liderança e vendas – porque é este o core das empresas. Também os próprios clientes começaram a assimilar novas rotinas, compreendendo agora, por exemplo, que não se façam 4h de viagem (como antes) para comparecer a uma reunião de 1h que afinal pode ser virtual.
Por um lado, assistimos a um aumento de controlo causado pelo teletrabalho e a realidade não presencial – e aqui falamos de abordagens de liderança muito tradicionais, que geraram colaboradores muito cansados e advieram de organizações com falta de definição de objetivos, de propósito e de empoderamento. Por outro lado, houve líderes e gestores que conseguiram entender que uma postura controladora ía funcionar no virtual, permitindo que as suas pessoas trabalhassem com mais autonomia, propósito claro e uma energia e alegria acrescidas.
A incerteza e ambiguidade do contexto que atravessamos leva a que não saibamos como vai ser a realidade daqui a um ou dois anos. Daí que decisões muito arrojadas como “Vamos acabar com o escritório” ou “Ninguém vai para casa e fica tudo no escritório” sejam perigosas. Esta não é uma boa altura para decisões extremas e estanques, é antes altura de agarrar tudo o que vem com otimismo e de aprender muito.
Chegou a altura de deixarmos de olhar para o novo, porque o novo já é uma realidade. Agora o que importa é pensarmos na adaptação à mudança, com resiliência, abertura, aprendizagem. É nisto que as empresas, sobretudo as mais conservadoras, têm de pensar – o que vão fazer daqui a 5 anos quando olharem para trás e verificarem que não passaram pelo processo de transformação necessário para sobreviver e vencer no futuro.
Para além de uma forte empatia, a pandemia fez crescer em muitos líderes um forte sentimento de compaixão pelo outro – não no sentido de “ter pena de”, mas no seu verdadeiro sentido etimológico “ter paixão por”. Passámos a preocupar-nos mais pelos colaboradores com filhos em casa, com os que cuidam dos pais, com quem teve familiares com COVID…. Atingimos níveis de compaixão genuínos que não se verificavam antes e isso veio inclusivamente dar um novo significado ao que verdadeiramente significa ser líder.
Como dizia Kant, talvez o mais relevante filósofo da era moderna, trata-se de mobilizar tudo aquilo que não tem preço: a dignidade em grande escala.
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