voltar atrás
O conceito e as teorias de inteligência emocional
O que é a inteligência emocional e como usá-la para regular emoções.
As emoções têm influência decisiva naquilo que pensamos e na forma como nos comportamos em sociedade. Desde o final do século XX, a psicologia tem procurado mais afincadamente estudar e aprofundar a capacidade que o ser humano pode ter no controlo das próprias emoções, e na forma como as pode “usar” para benefício individual e social.
Neste sentido, surgiu o conceito de inteligência emocional. Nos anos subsequentes, tem-se vindo a aprimorar a definição do conceito, dos elementos que a compõem, da forma como se organiza e do seu papel na vida do ser humano.
Assim, por inteligência emocional entende-se o conjunto de mecanismos mentais necessários à resolução de problemas e à gestão de comportamentos, isto é, a habilidade que o indivíduo tem para identificar, utilizar, compreender e regular as emoções em si próprio e nos outros.
As dimensões pessoal e social permitem identificar a inteligência emocional, respetivamente, a nível intra e interpessoal. Nem todos os indivíduos dominam ambos os níveis: há quem seja muito habilidoso na identificação, compreensão e regulação a nível intrapessoal; outros, porém, poderão ser melhores a nível interpessoal.
Na atualidade, existem duas grandes correntes teóricas sobre a inteligência emocional, segundo as quais, de forma contraditória, esta é interpretada como:
Um traço de personalidade: neste caso, seria influenciada por elementos como a preserverança, o caráter, o otimismo, a honradez, a comunicação ou o espírito de equipa.
Uma aptidão mental: com base na premissa de que o ser humano não se apercebe da importância das emoções na sua vida, esta teoria defende o desenvolvimento da habilidade para pensar sobre as emoções e com elas raciocinar, com o objetivo de ajudar as pessoas a enfrentar o mundo e a ter sucesso.
A segunda corrente é defendida pelos psicólogos norte-americanos Peter Salovey e John Mayer, que no final dos anos 80 foram precursores no estudo desta área e apresentaram um modelo de inteligência emocional por habilidades. Segundo eles, o controlo das emoções permitiria assumir com mais propriedade o pensamento e, depois, agir de modo mais adequado.
Anos mais tarde, surgiu o modelo das quatro componentes da inteligência emocional, no qual aqueles autores fazem uma revisão da definição de inteligência emocional, conceptualizando-a como um conjunto de habilidades que interagem: a perceção emocional, a facilitação emocional do pensamento, a compreensão emocional e a gestão emocional.
Mayer e Salovey recomendam que a inteligência emocional seja contemplada no ambiente familiar, na escola, nas organizações e em outros contextos, visando a resolução potencial de problemas. O seu modelo centra-se nas habilidades emocionais que podem ser desenvolvidas através da aprendizagem e da experiência quotidiana.
Importa, no entanto, que se reconheça como indispensável o treino e a prática da inteligência emocional, com vista ao seu domínio. A inteligência emocional conquista-se através da educação e do desenvolvimento de competências emocionais que contribuem para um melhor bem-estar pessoal e social.
É fundamental, então, que a inteligência emocional seja posta em prática, através de programas sequenciais, que podem e devem iniciar-se, a nível educacional, na infância. Para isso, tal como na dinâmica educacional, a planificação estratégica de atividades requer que sejam delineados objetivos e escolhidos conteúdos, com vista a uma intervenção programada a implementar e avaliar.
Em Portugal, a Prof. Doutora Manuela Queirós tem vindo a seguir a teoria científica original de Salovey e Mayer, aplicando a abordagem por habilidades nas escolas portuguesas com o projeto CIEE – Clube de Inteligência Emocional na Escola®. Os resultados satisfatórios da abordagem conduziram a autora à criação do Programa MQ – Aprender a Ser Feliz®.