Psicometria Aplicada

voltar atrás

Psicometria Aplicada

A Psicometria Aplicada é a maior arma do psicólogo que quer garantir o uso das ferramentas mais adequadas, atuais e precisas para os casos específicos dos seus clientes. Mais do que uma teoria que dificilmente se aprende e rapidamente se esquece, a Psicometria não cabe somente ao criador de testes; com a aplicação prática de conhecimentos Psicométricos úteis para a avaliação psicológica, o Psicólogo é agora o maior responsável da qualidade das interpretações feitas através dos testes.

Diversas situações exigem a aplicação de testes. Quer para diagnóstico e despiste de patologias, avaliações compreensivas, pareceres de condição psicológica ou para seleção de candidatos, a aplicação de testes é prática comum na profissão de Psicólogo. Apesar desta utilização rotineira, o reconhecimento da qualidade dos testes é deixado à confiança do criador dos testes. O resultado: a aplicação ocasional de testes de baixa qualidade psicométrica que levam a conclusões indevidas para a situação específica.

 

Claro que não se argumenta o desuso de testes; é informativo para a avaliação e, por vezes, necessário quantificar uma determinada dimensão latente do cliente. A questão prende-se com tratar todos os testes como iguais; como sendo igualmente necessários; como sendo igualmente precisos; como chegando a conclusões igualmente válidas. Nem todos os testes têm a mesma qualidade. Para conseguir avaliar a qualidade psicométrica dos testes e o quão reais são as interpretações feitas a partir dos resultados, o psicólogo tem que conhecer e saber ler a informação psicométrica dada pelo criador do teste – o que significa uma precisão de 0.2? Não nos referimos ao conhecimento extenuante da teoria psicométrica, obsoleta para quem terminou o curso universitário. Mas sim ao conhecimento da psicometria aplicada, necessária a qualquer psicólogo que aplique ferramentas de avaliação na sua prática profissional.

 

 

Psicometria Aplicada

 

Pode ser feito um paralelo entre um psicólogo que faz um teste e um médico que pede um exame. Se um cliente se queixa de falta de ar, o médico pode solicitar que sejam realizados exames para detetar qual a origem do problema. No entanto, se um dos exames indica recorrentemente que os pacientes têm cancro do pulmão, quando não têm, talvez não seja indicado realizar só esse exame, ou se deva olhar para os resultados com algum ceticismo.

 

O mesmo ocorre na avaliação psicológica. As características psicométricas dos testes, as normas associadas, o material, as condições de aplicação, o contexto de aplicação, todos estes aspetos influenciam a veracidade do resultado – e se o resultado a que chegamos não corresponde à realidade, a aplicação do teste é uma mera convenção. É aqui que entra a psicometria aplicada.

 

Para evitarmos interpretações divergentes da realidade, é necessário saber ler as informações sobre as qualidades psicométricas dos testes. Mais importante do que conhecer os autores que deram origem à psicometria e quais as suas teses, é saber o que significa uma determinada medida psicométrica para o contexto em questão. Isto é psicometria aplicada: empregar o conhecimento psicométrico pontual e necessário para a leitura da adequação das técnicas e testes no contexto em específico do cliente. Por exemplo, o conhecimento de psicometria aplicada permite perceber o que significa um teste ter uma estabilidade temporal de 0.2: se aplicarmos o teste num dia e o mesmo teste num outro dia, só irá apresentar os mesmos resultados em 20% das pessoas! Para o psicólogo, isto é um obstáculo porque não é possível garantir que estamos próximos do verdadeiro resultado do cliente; para o cliente, isto é um problema, porque pode ser diagnosticado com uma patologia que, se fizesse o teste noutro dia, já não o seria. É o equivalente a utilizar uma balança não calibrada ou realizar um exame que, invariavelmente, indica que o paciente tem cancro.

 

 

Ser um psicólogo responsável:

 

Com o acesso fácil ao conhecimento mundial, todos os psicólogos têm ao seu dispor a informação para conseguirem avaliar as qualidades dos testes que utilizam. Contudo, esta procura é uma prática pouco corrente, uma vez que exige um extenso e moroso investimento de tempo e esforço para relembrar os conceitos base à teoria psicométrica e a sua extrapolação para a aplicação da psicometria; tempo este de que a maioria dos psicólogos não dispõe. Não obstante, o psicólogo não pode negar a importância que as qualidades psicométricas de um teste afetam os resultados e devem afetar as interpretações. Caso o psicólogo não disponha do tempo para adquirir o conhecimento psicométrico por si, pode recorrer à rede de psicólogos que detêm esse conhecimento e estão dispostos a partilhá-lo.

 

Na prática, mesmo que o psicólogo não disponha de testes alternativos e necessite aplicar um teste que reconhece não ter elevada precisão ou validade questionável, deverá tomá-lo em consideração quando interpreta os resultados do teste e quando os integra na avaliação. O trabalho do psicólogo não se cinge a copiar os resultados do teste e colar um diagnóstico; o próprio psicólogo é responsável por ponderar se os resultados coincidem com o que sabe do cliente, considerando o quão fiável o próprio teste é. Só com estas consideração podemos ser psicólogos que realizam avaliações responsáveis. Um médico não usa um estetoscópio sujo, um nutricionista não usa uma balança mal calibrada e um psicólogo não deve usar um teste impreciso.

 

 

 

Pretende aprofundar os seus conhecimentos sobre a psicometria? Inscreva-se no Curso Avançado em Psicometria para Psicólogos e conheça todas as particularidades deste tema.

Gostou deste Artigo? Veja mais no nosso blog que conta com mais de 50 artigos sobre diversas temáticas. 
 
Siga-nos e descubra todas as nossas Novidades:
Instagram | Facebook | Linkedin | TikTok

Artigo da autoria de:
Joana Dias

Mestre em Cognição Social Aplicada pela Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, tem trabalhado nos últimos anos em consultoria em Psicologia. Entre as várias tarefas que tem vindo a desempenhar, salienta-se o desenvolvimento e validação de questionários para avaliação do impacto psicossocial de projetos de construção civil (para Iberdrola, SECIL e CIMPOR), assim como a subsequente análise dos dados. Em acréscimo, tem vindo a dar explicações de Psicometria e Estatística a estudantes da FPUL nos últimos 6 anos, e participado em projetos de investigação junto da mesma faculdade.